sábado, 26 de abril de 2014

Bebés prematuros. Diferentes sim. Mas para pior?

Olá pessoal.

Hoje foi dia de mais uma reunião do grupo "De Pais Para Pais" do Hospital de Santa Maria.

Foi um dia muito bom, apesar de termos tido poucos pais a participar. Será que é o dia e hora que desmotiva os pais de aparecerem? Ou será algum tipo de receio/preconceito? A analisar no futuro...

Mas é sobre preconceito que quero falar hoje.

Surgiu a ideia que alguns pais podem achar um estigma ter um bebé prematuro. Falar até do tema da prematuridade é algo que evitam por não quererem admitir que os seus bebés são "diferentes". É verdade? Sentem isso?

Sou da opinião que somos todos diferentes. Todos temos o nosso ADN e acho injusto atribuir alguma característica da pessoa no facto de ter nascido prematuro.
Estou bem ciente que há maiores riscos dos bebés prematuros desenvolverem patologias que os tornem notoriamente diferentes. Mas há coisas que, sendo de maior risco nos prematuros, os bebés de termo também desenvolvem.

E ser uma criança/adolescente/adulto diferente assim tão mau? A conotação da palavra "diferente" não pode ser também ela positiva?

Podia listar aqui uma serie de pessoas notáveis da nossa história que foram prematuros, mas prefiro dizer que, regra geral, são as pessoas diferentes que mudam o mundo.

Não é razão para preferir (como se fosse sequer possível escolher) ter um bebé prematuro! Obviamente será SEMPRE melhor ter um bebé de termo. Mas será assim uma tragédia tão grande que se crie um estigma na criança?
Na minha opinião, não. Até porque viva 6 dias, 6 meses, 6 anos, 6 décadas ou 6 séculos (ligeiro exagero :) ), o papel dos pais será sempre o mesmo: que a criança atinja o seu máximo potencial. E se assim o fizermos, estamos também a contribuir para mudar o Mundo.

Aqui fica o video de um famoso anuncio nos anos 90. Acho que vão reconhecer a marca no dia de hoje. :)
Conseguem identificar das pessoas que aparecem no video quais nasceram prematuras? :)

Se quiserem me contactar no assunto da prematuridade podem me encontrar no twitter pelo user "andrerodpt" ou usando a hashtag: #DePaisParaPais

Abraços!

12 comentários:

  1. Para mim, somos todos diferentes (até os gémeos não são clones). E é aí que está o encanto da vida.

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    1. Nem mais. E ser prematuro não deve ser motivo de vergonha.

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  2. Diferentes? Só se for no amor extremo que desenvolvemos por seres tão maravilhosos. Que apesar do seu pequeno corpo nos ensinam muito....e aí ainda bem que são diferentes!

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  3. Das pessoas notáveis que nasceram prematuras: a minha mãe =) notável por ser, obviamente, a minha mãe e porque quando, há 62 anos atrás decidiu nascer aos 7 meses de gestação os médicos não deram nada por ela e disseram à minha avó que não sobreviveria. Enganaram-se, como é óbvio =) [eu sei, a tecnologia de apoio à prematuridade da altura era muito diferente do que é hoje. Talvez também por isso a inclua na categoria dos notáveis].

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    1. Todos os que nasceram prematuros há mais de 20 anos podem ser considerados notáveis. :)

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  4. Eu nasci as 32sem e a minha mae tds os meses tinha risco de aborto. O meu primeiro dente foi aos 5m e comecei a andar com 9m. Neste momento o Andre tem 8m e nao tem nenhum dente,nem ta perto de andar,nasceu de 40sem. Ha tanto estigma de que os prematuros por norma sao mais lentos na aprendizagem,etc. Ate hoje sou uma pessoa super saudavel. E verdade que inicialmente se deve ter mais alguns cuidados com bebes prematuros,mas nao compreendo o preconceito,e algo que nao da para escolher,faz parte da mae natureza. Um bjinho para os 2
    Joana

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    1. Muitas vezes os preconceitos são algo que não escolhemos. Seja raça, orientação sexual e, neste caso, ser prematuro e o que isso acarreta.
      O que defendo é que ser prematuro não acarreta nada de mal por si só. Sabemos que há uma propensão maior para desenvolver algumas patologias graves. Mas não considero que isso seja por ser uma característica dos prematuros.

      Cada caso é um caso e rotular um prematuro como algo de mal (no sentido de ser "doente") é algo que sinceramente me custa a imaginar.

      Um beijo para ti, Joana.

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    2. Eu acho que não existe preconceito com prematuros. Existe, isso sim, muito desconhecimento da realidade do que é ser prematuro =)

      O meu #microsobrinho ainda não anda (está com 16 meses e meio de idade cronológica, 14 corrigida) mas está agora a querer dar os primeiros passos. O meu irmão que nasceu prematuro com um ano já corria. Se bem que o Filipe regrediu um bocado desde Setembro por ter estado constantemente doente até Janeiro (deixou o infantário e nunca mais ficou doente e voltou ao desenvolvimento em força).

      O #microsobrinho tem dentes desde os 8 meses (cronológicos), o meu irmão teve mais cedo.

      A minha mãe, a nível de "problemas" para o tempo com que nasceu e na altura em que nasceu, apenas ficou ligeiramente mais baixa que os meus tios e os meus avós (ambos altos) e é asmática, mas esta parte é provavelmente causa do trabalho que a minha avó tinha na altura, que trabalhava numa fábrica de fósforos e isqueiros =/ de resto, nunca teve qualquer problema.

      Nada disto pode ser linear, depende do desenvolvimento de cada um, como um qualquer bebé de termo e da sensibilidade de cada bebé a factores externos.
      Mas é um assunto muito pouco discutido na "praça pública" e talvez mesmo por isso a reacção de alguém que desconhece esta realidade seja confundida com preconceito. Se bem que o preconceito nasceu com a ignorância...

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    3. Quando eu falava de preconceito era mais na lógica dos pais. Assim como achariam por qualquer coisa que fosse manifestamente diferente nos seus filhos.

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  5. Boa tarde,
    Eu nasci há 38 anos, com apenas 1,750g. Hoje em dia, pode não parecer muito pouco mas, há quase 40 anos, a taxa de sobrevivência com esse peso não era, de todo, muito elevada. Para ter uma ideia de quão pequenina eu era, o meu irmão, na altura com 6 anos, quando me foi ver á maternidade, ficou muito sério a olhar para mim no berço (através de um vidro), começou a chorar e a bater nas pernas do nosso pai. Como não era habitual, o pai perguntou:
    - "O que se passa Pedro, porque está a chorar e a bater ao pai"? O meu irmão, na sua ingenuidade de criança, respondeu:
    - "Porque o pai e a mãe mentiram-me... Disseram que me iam dar uma mana e deram-me um frango"... Obviamente que este episódio, ainda hoje, é contado aos nossos filhos e sê-lo-à também certamente aos nossos netos :)
    Quanto à questão de o prematuro ser diferente, no meu caso em particular, eu nunca senti essa diferença porque não sofri de quaisquer sequelas, nem físicas nem mentais, estudei, tirei o meu curso, trabalho, casei, tenho os meus filhos... Tudo dentro dos parâmetros "ditos normais" (e já agora, apenas um parêntese... o que é a normalidade ou a diferença???).
    Ainda há poucos meses falava com o meu tio (que é pediatra) sobre a prematuridade e ele explicou-me uma coisa, que é uma grande verdade e que me fez reflectir sobre os avanços da medicina... Há 40 anos atrás, os prematuros que sobreviviam, eram aqueles cuja natureza estava preparada para que sobrevivessem sem problemas mais graves ou sequelas. Os bebés nasciam e pouco ou nada se podia fazer, era aguardar e deixar o tempo passar para ver se se aguentavam ou não. Os meus pais contam-me que eu sobrevivi porque houve uma enfermeira que me "adoptou" e me alimentava, de hora a hora, com uma pipeta (não havia sondas gástricas) num quarto a 40 graus em pleno mês de Agosto (não havia incubadoras).
    Hoje em dia, e ainda bem, a medicina permite que quase todos os orgãos funcionem mecanicamente e por isso passou a haver muito mais garantias de sobrevivência mas muito menos garantias de qualidade de vida no futuro dos bebés prematuros...
    Esta apenas a minha experiência pessoal...
    Beijinhos aos dois...

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  6. Boa tarde,
    Eu nasci há 38 anos, com apenas 1,750g. Hoje em dia, pode não parecer muito pouco mas, há quase 40 anos, a taxa de sobrevivência com esse peso não era, de todo, muito elevada. Para ter uma ideia de quão pequenina eu era, o meu irmão, na altura com 6 anos, quando me foi ver á maternidade, ficou muito sério a olhar para mim no berço (através de um vidro), começou a chorar e a bater nas pernas do nosso pai. Como não era habitual, o pai perguntou:
    - "O que se passa Pedro, porque está a chorar e a bater ao pai"? O meu irmão, na sua ingenuidade de criança, respondeu:
    - "Porque o pai e a mãe mentiram-me... Disseram que me iam dar uma mana e deram-me um frango"... Obviamente que este episódio, ainda hoje, é contado aos nossos filhos e sê-lo-à também certamente aos nossos netos :)
    Quanto à questão de o prematuro ser diferente, no meu caso em particular, eu nunca senti essa diferença porque não sofri de quaisquer sequelas, nem físicas nem mentais, estudei, tirei o meu curso, trabalho, casei, tenho os meus filhos... Tudo dentro dos parâmetros "ditos normais" (e já agora, apenas um parêntese... o que é a normalidade ou a diferença???).
    Ainda há poucos meses falava com o meu tio (que é pediatra) sobre a prematuridade e ele explicou-me uma coisa, que é uma grande verdade e que me fez reflectir sobre os avanços da medicina... Há 40 anos atrás, os prematuros que sobreviviam, eram aqueles cuja natureza estava preparada para que sobrevivessem sem problemas mais graves ou sequelas. Os bebés nasciam e pouco ou nada se podia fazer, era aguardar e deixar o tempo passar para ver se se aguentavam ou não. Os meus pais contam-me que eu sobrevivi porque houve uma enfermeira que me "adoptou" e me alimentava, de hora a hora, com uma pipeta (não havia sondas gástricas) num quarto a 40 graus em pleno mês de Agosto (não havia incubadoras).
    Hoje em dia, e ainda bem, a medicina permite que quase todos os orgãos funcionem mecanicamente e por isso passou a haver muito mais garantias de sobrevivência mas muito menos garantias de qualidade de vida no futuro dos bebés prematuros...
    Esta apenas a minha experiência pessoal...
    Beijinhos aos dois...

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