terça-feira, 23 de setembro de 2014

The overwhelming sense of emptiness (a enorme sensação de vazio)


Dou por mim, muitas vezes a pensar nisso. O que falta na minha vida. O que já não me desafia. O que me aborrece. O que preciso de fazer para passar os dias. E como substituir este vazio que sinto.
Não é um vazio literal. É algo mais doloroso. Mais, digamos, real. A sensação que alguém terá quando é atraído para um abismo. Para um mergulho sem paraquedas.
Passado tanto tempo (é assim tanto tempo?) ainda imagino a minha vida com a minha filha aqui, nos meus braços. E não consigo imaginar para além de uma ideia. De um sonho. Que morreu com ela. E do qual faço o luto.
Procuro inspiração noutros locais. Noutras experiências. Mas sei que procurar isso para substituir o vazio é apenas um placebo. E se o doente souber que é um placebo, o efeito é nulo.
Talvez ter outra filha ajude? Talvez. Mas nunca será a minha primeira filha. A minha Nô, neste momento é um conceito dentro de mim. Na minha cabeça. No meu coração.
Passo muito tempo a imaginar como seria a minha filha com 1 ano e poucos meses. Como seria o seu cabelo. Como seria o seu feitio. Como seriam os seus olhos. Como seriam as minhas rotinas. Buscar à escola. Provavelmente nem teriamos mudado de casa.
Mas isso pertence a um Universo paralelo. Ela existe em carne e osso nesse universo. Neste é um ser superior. Pelo menos para mim é. Porque só os seres superiores conseguem ter um ascendente tão grande sobre quem caminha na Terra. Pode não ser para muitos de vós. Mas é para mim. E é isso que importa, na realidade.

Depois penso que tudo isto é duro. Mas mais duro é deixar me levar pela dureza da coisa. E se deixo que a coisa seja dura, mais dura ela se torna.
E eu não quero que seja mais duro do que já é. Nem ela queria.

Dizem que não controlamos o que nos acontece. Apenas controlamos como reagimos às coisas.
Diria que não me tenho saído mal.


PS: muitos não compreenderão este post. Não esperava outra coisa. Mas precisava de desabafar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A minha outra Nô...

Acompanhei-te ao longe.
Não te conheci pessoalmente mas era impossível ficar indiferente.
Fui torcendo por ti e quase que podia sentir o que sofrias. Mas ninguem sabe o que é sofrer o que tu sofreste...

Digo sofrias porque já não sofres mais. Agora ficam por cá quem te era mais chegado. Tristes. Saudosos. 
Sim. É isso que vai acontecer nos tempos mais próximos. 
Mas o tempo ajuda a revelar as coisas boas. Os ensinamentos. O teu sorriso. A maneira como dizias “Pedrocas". O Amor incondicional.

Não é a vida que é injusta. É a morte.

A vida é aquilo que fazemos dela. E tu foste um raio de luz. Um anjo na Terra.
Agora és um anjo no ceu. E a estrela dos teus pais.

Até um dia, minha “outra” Nô.

PS para a minha Nô: cuida muito bem da tua homonima. E ajuda-a a transmitir mensagens cá para baixo como tu tão bem sabes fazer. 
Amo-te, princesa. Sinto muita falta do teu olhar.