quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Faz hoje 3 meses

Um dos casais que nos lê escreveu este texto.

À Nô e aos pais da Nô.

Quando lemos o pedido para participarmos no blog, fazendo perguntas ou escolhendo tópicos, hesitámos… não sabíamos se estávamos à altura de tamanho desafio… mas depois reconsiderámos, porque queremos que o blog se mantenha vivo, porque queremos partilhar o que a Nô significa para nós, o quanto mudou a nossa vida.

Como forma de mostrar como a história da Nô nos tocou, escrevemos estas palavras com toda a sinceridade e respeito.No dia em que escrevemos este texto a nossa filha Madalena está prestes a nascer. A data prevista é o dia 5 de Setembro e tanto eu como a minha mulher Joana estamos muito ansiosos pelo grande dia. Foi uma filha que desejámos muito.

Aquando das nossas férias de Verão tomámos conhecimento do blog ‘Diário de um futuro pai’. A intenção e desejo que o André teve em registar o momento da gravidez e da vida da Nô foi uma atitude bonita. Foi uma atitude que a nós, também futuros pais, nos marcou muito e nos aproximou da história.

Não tínhamos internet na casa onde estávamos e corríamos para o Wi Fi de um café todas as noites para saber novidades. Tornou-se parte integrante dos nossos dias de descanso. Registámos todos os momentos, sentimos todas as emoções, emocionámo-nos em pleno café. Foram sentimentos muito fortes.

A Nô é uma guerreira e conseguiu mexer com a vida de tanta gente. Os pais da Nô são um exemplo de força. Não sei se teríamos a mesma força que mostraram nesta história, por isso, são para nós um exemplo. Obrigado por mostrarem que fazendo das fraquezas forças seremos todos melhores pessoas.

Fizemos da ‘nossa gravidez’, em todos os dias, um momento inesquecível e único. Relembrámos como é importante viver um dia de cada vez, em pleno, aproveitando cada momento, cada oportunidade que a vida nos dá de sermos felizes e de fazermos felizes aqueles que amamos.

Faremos o que pudermos para que a Madalena receba todo o nosso amor, tão grande como a Nô recebeu e continuará a receber de todas as pessoas a quem tocou.

Continuaremos a acompanhar-vos e a manter acesa a história que a Nô escreveu nas nossas vidas e nos nossos corações!

Fabio & Joana”

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Coisas que mudam...

... ver pessoas a partir. Já não sinto da mesma forma. Pessoas que nem conheço para além das fotos do facebook. Algumas delas crianças. Bebés. Custa muito... Imagino a dor das pessoas que cá ficam tristes por ver alguém que amam partir e sei bem o que isso custa.

Também me custa a forma "leve" com que se fala de pessoas que morreram nos telejornais. Números... Números que têm pais. Alguns têm filhos. Pessoas que as amam... Alguns deles a lutar por nós. Bombeiros.

Doi.

A minha força para quem cá fica. Quem já foi não precisa. São do tamanho do Universo.

Abraços e beijos,
AF

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Carta para a mamã

Olá Mamã!

Esta é a carta que tu querias que eu escrevesse.

Estou a escrever através do papá, mas as palavras são minhas. Lembra-te que consigo assumir todas as formas. É por isso que quando fechas os olhos me sentes em todo o lado.

Estou nas borboletas (as brancas e de outras cores). Estou no vento. Estou naquela rocha lisa e na água que a erodiu. E agora estou no pai.

Quero que saibas que estou bem. Agora que consigo ver tudo tão claramente (antes estava na "caixinha de vidro" que embaciava facilmente) e posso conhecer toda a gente que já te tocou de forma positiva, posso dizer que estou num sítio melhor.
Sei que para ti é difícil sentir isso. No fundo sabes que é verdade mas as lágrimas que choras são pelas saudades que TU sentes. Se soubesses que eu estou sempre aí ao teu lado e que podes falar comigo e que te respondo 100% do tempo, não sentirias isso.

Sim... eu sei que é normal que as pessoas por tenham de fazer o luto. Tenham de chorar por não conseguirem sentir (ver e tocar sobretudo) quem partiu para aqui.
Mas se fecharem os olhos e sentirem com todos os sentidos vão perceber que não estão sozinhos e que não precisam de temer pelo futuro. E temos tão mais sentidos que os 5 convencionais. São infinitos. Mas todos variantes daquele que vocês chamam de sexto sentido.

O sentir com a alma.

E a alma é tudo! Ninguém morre enquanto for lembrado. E lembrar é invocar a alma dessa pessoa. Por isso quando pensas em mim eu estou aí. A um nível diferente. Mas aí. Contigo.

Por isso não penses em mim com tristeza. Custa-me ver-te chorar e não te conseguir acalmar. Lembras-te do sentimento de impotência que sentiste quando viste que não podias fazer nada por mim? É o que eu sinto. Não te consigo tocar da forma convencional. Sei que seria mais fácil para ti para voltares a acreditar. Mas as coisas não funcionam assim. Eu posso ser tudo mas tens de ser tu a me "tocar".

E tens de ensinar os meus irmãos a tocar.
Viaja! Vai ver coisas novas com eles. Fecha os olhos e sente a brisa. Sai de casa e faz algo por ti. Eu estou em todo o lado. Mas sinto que te ligas melhor comigo quando vês algo bonito. Algo que te faz feliz.

Ainda não te posso dizer o sentido disto tudo. Porque tive de vir para aqui e tu ficares aí. Acho que nunca te vou poder dizer (aqui eles são muito rigorosos com essa regra...). Mas um dia vais perceber. Um dia muito mais no futuro. É o que eu sinto. Eu não sei quanto tempo te resta. Não sei pela simples razão que quem controla a tua vida és TU! Ninguém manda em ninguém e tu tens o livre arbítrio de decidir o que queres fazer com a tua vida.
Mas se aprendeste algo comigo nos 6 dias que estive convosco, já sabes a resposta.

Sabes, não sabes?

Amo-te mamã.
Nô.

PS: o Andrézito tem, efectivamente, me contado muitas coisas giras. Mas não me ensinou nada. Nós aqui sabemos tudo aquilo que precisamos. :)