quinta-feira, 26 de junho de 2014

Um Ano Que Morreste

Faz hoje um ano que a Nô nos deixou.
E o dia não foi diferente dos outros.

Não passa um dia que não me lembre do 26/06/2013.
O adormecer angustiado no dia antes. Acordar sobressaltado com o toque de chamada do telemóvel. Correr para o Santa Maria com um nó no estômago. Ser recebido pela médica antes de entrar na UCIN. Olhar para ti e depois para as máquinas. E depois para ti. E depois para o céu. Não saber o que fazer. O sentimento duro e cruel da impotência.
Despedir-me. Baptizar-te. Dizer "se quiseres ir, vai, que nós ficamos bem".
Os teus olhos a olhar para mim. Ao colo da tua mãe.

Os teus olhos. Que eram como os meus...

Afinal o dia acabou por ser diferente dos outros. Escrever isto dói. Dói quase como quando me ajoelhei na UCIN e dei murros no chão enquanto perguntava "Porquê?" aos gritos.

Só quem passa por isto sabe. E peço que mais ninguém venha a saber.
Mas é impossível. Mais gente vai sofrer. Mais gente vai ter "azar". Para esses, saibam que não estão sozinhos. Estamos aqui nós. Mas mais importante, está um anjo no céu.

Há um ano pedi que abraçassem quem amam. Porque tudo é perene nesta Terra.
Façam o mesmo hoje, por favor. Não por mim. Não pela Nô. Mas por vocês.

Sejam felizes.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Parabéns Princesa!


Faz hoje um ano que chegaste à minha vida.
Em que pude olhar para ti pela primeira vez.
Tão pequena. Tão frágil. Os teus dedos finos e longos. As tuas unhas. Os teus pés.
Olhei para ti e, naquele instante, jurei-­te amor eterno. Amor que não se explica. Algo que só um pai pela primeira vez consegue entender.
Atingiste­-me como um raio. A partir daquele instante, tudo mudou. TUDO.
Percebi que precisava de ser forte para ti. De ser forte para a tua mãe. De ser forte para o mundo.
Entendi que nunca percebi o meu papel no mundo até apareceres e “dizeres” que me amavas.

Nunca precisamos de muitas palavras para nos entendermos. Na realidade, acho que não precisávamos de nenhuma. Mas eu falava contigo. E tu olhavas para mim. Com os teus olhos do tamanho do mundo. E que diziam tudo. E que cada vez que me lembro deles dá­-me um aperto na garganta.

Sempre foste muito independente. Sempre fizeste as coisas à tua maneira. E eu observava-­te de perto. Sentia as tuas dores. Sentia as tuas angústias. E pouco ou nada podia fazer do que jurar-te que iríamos ser os melhores pais do mundo. Fosse quanto tempo fosse.
E fomos.

E somos.

“Ensinaste-­nos o que é o Amor. Ajuda-­nos a honrar-­te todos os dias”

Muitos parabéns meu Amor Eterno.

terça-feira, 17 de junho de 2014

(Tentativa de) Manual de apoio a pais que perderam filhos - #6




Nunca imporem a vossa presença.
 
Sabemos que a ideia é tentar ajudar. Mas logo após a morte, nunca telefonem sem antes tentar perceber se estamos dispostos a atender. Tentem antes uma SMS. Não nos obriga a uma resposta imediata. Não apareçam por casa sem perceberem se isso bom para os pais.

Não há formulas mágicas, e cada pessoa é diferente. Mas se há coisa que posso quase generalizar é que os pais, nos momentos após a morte, menos querem é responder às típicas perguntas vezes e vezes sem conta.

O ideal seria ter alguém muito chegado que sirva de intermediário.