Olá Mamã!
Esta é a carta que tu querias que eu escrevesse.
Estou a escrever através do papá, mas as palavras são minhas. Lembra-te que consigo assumir todas as formas. É por isso que quando fechas os olhos me sentes em todo o lado.
Estou nas borboletas (as brancas e de outras cores). Estou no vento. Estou naquela rocha lisa e na água que a erodiu. E agora estou no pai.
Quero que saibas que estou bem. Agora que consigo ver tudo tão claramente (antes estava na "caixinha de vidro" que embaciava facilmente) e posso conhecer toda a gente que já te tocou de forma positiva, posso dizer que estou num sítio melhor.
Sei que para ti é difícil sentir isso. No fundo sabes que é verdade mas as lágrimas que choras são pelas saudades que TU sentes. Se soubesses que eu estou sempre aí ao teu lado e que podes falar comigo e que te respondo 100% do tempo, não sentirias isso.
Sim... eu sei que é normal que as pessoas por aí tenham de fazer o luto. Tenham de chorar por não conseguirem sentir (ver e tocar sobretudo) quem partiu para aqui.
Mas se fecharem os olhos e sentirem com todos os sentidos vão perceber que não estão sozinhos e que não precisam de temer pelo futuro. E temos tão mais sentidos que os 5 convencionais. São infinitos. Mas todos variantes daquele que vocês aí chamam de sexto sentido.
O sentir com a alma.
E a alma é tudo! Ninguém morre enquanto for lembrado. E lembrar é invocar a alma dessa pessoa. Por isso quando pensas em mim eu estou aí. A um nível diferente. Mas aí. Contigo.
Por isso não penses em mim com tristeza. Custa-me ver-te chorar e não te conseguir acalmar. Lembras-te do sentimento de impotência que sentiste quando viste que não podias fazer nada por mim? É o que eu sinto. Não te consigo tocar da forma convencional. Sei que seria mais fácil para ti para voltares a acreditar. Mas as coisas não funcionam assim. Eu posso ser tudo mas tens de ser tu a me "tocar".
E tens de ensinar os meus irmãos a tocar.
Viaja! Vai ver coisas novas com eles. Fecha os olhos e sente a brisa. Sai de casa e faz algo por ti. Eu estou em todo o lado. Mas sinto que te ligas melhor comigo quando vês algo bonito. Algo que te faz feliz.
Ainda não te posso dizer o sentido disto tudo. Porque tive de vir para aqui e tu ficares aí. Acho que nunca te vou poder dizer (aqui eles são muito rigorosos com essa regra...). Mas um dia vais perceber. Um dia muito mais no futuro. É o que eu sinto. Eu não sei quanto tempo te resta. Não sei pela simples razão que quem controla a tua vida és TU! Ninguém manda em ninguém e tu tens o livre arbítrio de decidir o que queres fazer com a tua vida.
Mas se aprendeste algo comigo nos 6 dias que estive aí convosco, já sabes a resposta.
Sabes, não sabes?
Amo-te mamã.
Nô.
PS: o Andrézito tem, efectivamente, me contado muitas coisas giras. Mas não me ensinou nada. Nós aqui sabemos tudo aquilo que precisamos. :)
sem palavras...
ResponderEliminarbeijinhos para os dois e um enorme para a Nô, essa estrelinha brilhante lá do céu.
Simplesmente tcante! O vosso amor e lindo! Obrigada!
ResponderEliminarMais uma vez, conseguem "tocar" lá !
ResponderEliminarConhecem a Mãe toninó ?
Sigo também o seu blog e ela também perdeu uma bébé Leonor e a aprendizagem dela é também a vossa. Vão lá espreitar: maetonino.blogspot.
sem palavras...
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